Epifania do Senhor
Primeira leitura: Isaías 60,1-6
Apareceu sobre ti a glória do Senhor.
Salmo responsorial: 71(72),1-2.7-8.10-11.12-13 (R/. cf. 11)
As nações de toda a terra hão de adorár-vos, ó Senhor!
Segunda leitura: Efésios 3,2-3a.5-6
Agora foi-nos revelado que os pagãos são co-herdeiros das promessas.
Evangelho: Mateus 2,1-12
Viemos do Oriente adorar o Rei.
A época em que foi escrito o livro do profeta Isaias (terceiro Isaias) corresponde à restauração, isto é, ao regresso a Jerusalém dos exilados da Babilônia, regresso à grande cidade de Deus. Quando esse grupo de exilados chegou a Israel encontrou suas cidades destruídas, seus campos abandonados ou ocupados por outras famílias, as muralhas derrubadas e o templo, o lugar onde Javé habitava, estava incendiado.
Essa dramática realidade fez com que o povo desanimasse completamente, centrando suas esperanças e suas motivações unicamente na reconstrução de suas casas e seus campos, deixando de lado a restauração do templo e com ele a confiança na vinda gloriosa de Javé, que traria para Israel a salvação plena na própria historia. Isaías anima a fé do seu povo, convidado-o a colocar novamente sua fé e seu coração na força salvífica de Javé, aquele que traria a paz e a justiça ao povo.
Por isso Jerusalém será a cidade radiante, cheia de luz, onde a presença de Deus como rei fará dela uma nação grande, ante cuja presença se prostrarão todos os povos da terra. O profeta manifesta, com esta grande revelação, que Deus é quem dará inicio a uma nova época para Israel, uma época na qual reinará a luz de Deus e serão destruídas todas as forças do mal, pois Deus se faz presente em Israel e ninguém mais poderá causar-lhe dano.
Essa visão profética possui uma compreensão muito reduzida da ação salvífica de Deus, já que é assumida como uma promessa que se cumprirá em benefício único e exclusivo do povo de Israel e não de toda a terra. Paulo, através da carta aos Efésios, ampliará essa compreensão, afirmando que a salvação, trazida por Deus, através de Jesus, é para “todos”, judeus e pagãos. O plano de Deus, segundo Paulo, consiste em formar único povo, uma única comunidade de crentes, um só corpo, uma só igreja, um organismo vivo capaz de comunicar vida e salvação outorgadas por Deus a toda a criação.
A carta aos Efésios expressa que o mistério recebido por Paulo consiste em que a Boa Nova de Cristo se torne efetiva também para os pagãos. Eles são co-herdeiros e membros desse mesmo Corpo; isto significa que Deus quis se revelar a toda a humanidade, age em todos, salva a todos, reconcilia a todos, sem exceção.
O Evangelho de hoje, na Festa da Epifania, confirma esse caráter universal da salvação de Deus. Mateus expressa, por meio deste relato simbólico, a origem divina de Jesus e sua tarefa salvífica como Messias, como rei de Israel, herdeiro do trono de Davi; para isso o evangelista insiste em nomear com exatidão o lugar onde nasceu Jesus e em confirmar, através do Antigo Testamento, que com sua presença na historia acontece o cumprimento das palavras dos profetas.
Por outro lado, a rejeição desse nascimento por parte das autoridades políticas (Herodes) e religiosas (sumos sacerdotes e escribas) do povo judeu, e a alegria infinita dos magos, vindos do oriente, anunciam desde já esse caráter universal da missão de Jesus, a abertura do evangelho aos pagãos e sua vinculação à comunidade cristã. A epifania do Senhor é a celebração oportuna para confessar nossa fé
Em um tempo como este que estamos vivendo, marcado radicalmente pelo pluralismo religioso, e marcado também, crescentemente, pela teologia do pluralismo religioso, o sentido da palavra “missionário” e da expressão “universalidade cristã”, mudaram profundamente. Até agora, em muitos casos, ser missionário era sinônimo de proselitismo, de “converter ao cristianismo” (o catolicismo concretamente entre nós) os “gentios”.
Nesse sentido, a “universalidade cristã” era entendida como a centralidade do cristianismo: éramos a religião central, a (única) querida por Deus, e portanto, a religião destino da humanidade. Todos os povos (universalidade) estavam destinados a abandonar sua religião ancestral e a tornarem-se cristãos... Tarde ou cedo o mundo chegaria ao seu destino: a ser “um só rebanho, com um só pastor”.
Hoje tudo mudou, porém, em meio a toda essa mudança, muitos cristãos (e muitos pastores) continuam tendo uma visão tradicional. Hoje é um dia muito oportuno para apresentar estes desafios e para aprofundá-los. Não desperdicemos a oportunidade deste dia para atualizar também pessoalmente nossa visão a respeito destes temas. No site (servicioskoinonia.org/relat), em espanhol, você pode encontrar muitos materiais para estudo do tema, bem como para debate em grupos de estudo ou de catequese.
No Novo Testamento, além do João 7,42, encontramos referencias a Belém nas narrativas de Mateus 2 e Lucas 2, acerca do nascimento do Salvador na cidade de Davi. A tradição de que o Messias devia nascer em Belém tem sua base no texto de Miquéias 5,2, onde consta que de Belém de Éfrata devia sair aquele que governaria Israel e seria o pastor do povo. Hoje já sabemos que provavelmente Jesus tenha nascido em Nazaré, e que a afirmação de que nasceu em Belém é uma afirmação com intenção teológica.
O termo magos procedo do grego magoi, que significa matemático, astrônomo e astrólogo. Estas duas últimas disciplinas coincidiam na antiguidade. Através delas se poderia estudar o destino e desígnio dos astros e das pessoas. Isto é, os reis magos teriam sido astrônomos e conhecedores do céu. O teólogo e advogado cartaginês Tertuliano (160-220 d. C.) assegurou que os magos eram reis e que procederiam do Oriente. Na visita dos magos a Jesus, os Padres da Igreja vêem simbolizadas a realeza (ouro), a divindade (incenso) e a paixão (mirra) de Cristo.
http://www.claret.com.br/servicobiblico/?dia=02&mes=01&ano=2011